*por Cesar Mello e Patricia Mello
A pandemia da Covid-19 trouxe pelo menos duas condições emergenciais: o Brasil precisa de sistemas complexos de inovação para ser capaz de gerar soluções novas para seus problemas; e, com a mesma urgência, deve promover uma sociedade mais inclusiva para melhorar as condições de vida da sua população.
E, grata surpresa, temos um exemplo real de que essas duas condições podem funcionar conectadas: o Parque Tecnológico de São José dos Campos (PqTec), no Vale do Paraíba, Estado de São Paulo.
A pandemia e as ações de proteção
Governos de todo o mundo adotaram, acertadamente, um conjunto de medidas emergenciais para proteção da população mais vulnerável à pandemia do coronavírus e à manutenção de empregos, por meio de transferência de renda direta e temporária para desempregados e trabalhadores autônomos e informais, além de vários benefícios para todos os tipos de empresas.
Todas essas ações paliativas agora escancaram uma realidade pré-pandemia, que foi agravada pelos desequilíbrios externos e penaliza países que já tinham fragilidades estruturais, como o Brasil. Como sair dessa situação?
Ambientes de inovação
A Covid-19 reforçou o imperativo da pesquisa científica e de suas aplicações para melhorar as condições de vida. Mas, a lição mais importante foi a de que os processos de inovação mais complexos não ocorreram isoladamente, eles foram construídos com base na capacidade de compartilhamento de conhecimentos, local e globalmente.
Redes e relacionamentos foram estabelecidos entre cientistas, professores, pesquisadores e fabricantes –e desses com ambientes de inovação que o Brasil exemplifica com o Instituto Butantã e a Fiocruz– para desenvolver e fabricar a vacina em tempo recorde, assim como foram amplamente distribuídas as tecnologias avançadas de inovação, como os padrões específicos de biossegurança e tecnologias de plataforma com computação quântica e inteligência artificial.
Ficou comprovado que o poder de pesquisa forjado por novas alianças gera uma onda de inovação sem precedentes, que pode ser capaz de resolver desafios de impacto mundial.
Política urbana e inclusão
Um ambiente de inovação concentra iniciativas relacionadas à tecnologia, criatividade e empreendedorismo, mas não é só isso, ela é um espaço em que a soma de fatores, como a diversidade de ideias e de backgrounds sociais, se une para cocriar soluções inovadoras para os complexos desafios públicos. Na desigualdade agravada pela pandemia e no contexto da agenda ESG, a inovação e inclusão devem caminhar juntas, possibilitando a formulação de respostas rápidas e criativas que sejam aderentes às necessidades dos consumidores, e, igualmente, da sociedade.
Com um alinhamento de interesses das esferas pública, privada e acadêmica, o ambiente de inovação pode ser um catalisador de respostas criativas, cientificamente evidenciadas e economicamente viáveis, favorecendo qualificação e renda, expandindo a competitividade local ou regional, além de promover desenvolvimento de melhores condições de vida, especialmente para comunidades carentes.
PqTec, um distrito de inovação por excelência
E a boa notícia, esse ambiente de inovação existe! É o Parque Tecnológico de São José dos Campos (PqTec), um complexo sistema de inovação urbano com diversidade acadêmica, econômica e social que proporciona acoplamentos globais estratégicos. Distrito geográfico de inovação, o PqTec é um polo que reúne grandes empresas, cinco universidades e mais de duas centenas de negócios, dispõe de um espaço de convivência e de entretenimento, além de laboratórios especializados em constantemente avançar em múltiplos conhecimentos produtivos.
Alinhado ao interesse público local, o PqTec é um imã de atração de empresas e talentos, proporcionando maior renda per capita e melhores condições de vida para muitas pessoas. Promove um círculo virtuoso, porque a cidade se desenvolve e promove alternativas para crescimento sustentável.
Mas, falar das conquistas do PqTec —que são muitas— fica para o próximo artigo. Até lá.
*Cesar Mello, associado conselheiro do PQTEC/SJC, é um empreendedor e fundador da Innovact, que pesquisa e desenvolve espaços urbanos para sistemas de inovação. Contato: cesar@innovact.com.br
*Patricia Mello é especialista em Distritos de Inovação como política pública urbana, Coordenadora Executiva do FGV Cidades e Presidente do Conselho da Innovact.
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